Ser um espaço de fomento da pluralidade das múltiplas vivências dos jovens capixabas. Esse sempre foi um dos objetivos do Projeto JuventudES, que ao longo de 12 meses viabilizou 120 ações idealizadas pela juventude de dez municípios do Espírito Santo, atendidos pelo Programa Estado Presente em Defesa da Vida, em ações que ampliaram suas particularidades e impactam em seu território.
Com foco na diversidade das juventudes, a comunidade indígena do município de Aracruz teve oito projetos contemplados no Edital JuventudES. Os projetos reafirmam a importância da ancestralidade e trouxeram para o centro das propostas ações que abordam a língua tupy, a medicina natural e a confecção de indumentárias tradicionais, além de atividades voltadas para o esporte e a divulgação das atividades realizadas pela juventude indígena.
Emili Tupinikim, do coletivo Pysasú Pak, da Aldeia Caieiras Velha, falou sobre a importância de pensar em ações que impactam o coletivo. “Quando a gente é indígena a gente tem que pensar coletivamente, porque o que eu faço para mim, as minhas atitudes, não tem que refletir só para mim, mas também para o meu povo. Principalmente no contexto em que a gente está. Eu vou só pensar em mim? Os que estavam no passado pensaram só neles? Não, pensaram no coletivo. Para termos as nossas terras, pensar políticas públicas que dessem a dignidade que a gente merece”, disse a jovem, que realizou o projeto Reflorestando Raízes e Vivências do Povo Tupinikim.
Abaixo, conheça as oito iniciativas desenvolvidas pelas comunidades indígenas dentro do Projeto JuventudES:
Aula de Tupy – Aldeia Areal
Aldeia Areal
O projeto promoveu aulas de língua para a Aldeia Areal, a fim de contribuir para a valorização da cultura Tupinikim e auxiliar na preservação da identidade e da história do povo. Durante o curso, os participantes tiveram a oportunidade de aprender os fundamentos básicos do Tupy, como a gramática, pronúncia e vocabulário.
Fortalecimento do Grupo de Jovens da Aldeia Irajá
Aldeia Irajá
A ideia foi incentivar publicações, em redes sociais, de conteúdos relacionados às pautas da juventude indígena Tupinikim e informações relevantes relacionadas às atividades realizadas a partir do grupo de jovens.
Pintura em Vestimentas Guarany
Aldeia Tekoá Porã (Boa Esperança)
O projeto teve como objetivo, para além da capacitação técnica dos jovens participantes, preservar a cultura indígena e as tradições do povo Guarany. Além de fomentar o debate e o interesse dos jovens pela história indígena, expor a importância e atualidade acerca do tema, preservar e valorizar a cultura Guarany. A oficina também tinha o propósito de promover geração de renda, formação de futuros oficineiros, além de produzir vestimentas tradicionais para festas e eventos.
Reflorestando Raízes e Vivências do Povo Tupinikim
Aldeia Caieiras Velha
As juventudes indígenas da Aldeia Caieiras Velha, em Aracruz, tiveram aulas sobre a arte de preparar a terra, semear, cuidar, colher e usufruir dos seus benefícios graças ao projeto “Reflorestando raízes e vivências do povo Tupinikim”. Além disso, foi criado um pomar de jenipapo que poderá ser utilizado por toda a comunidade.
Preservação da Escolinha de Futebol Palmeirinhas
Aldeia Irajá
A ação se propôs a promover melhorias na Escolinha a fim de dar continuidade ao trabalho que estava sendo realizado na Aldeia. Foram comprados materiais novos, tais como bolas, bolsas, bombas de encher bola, coletes, entre outros, essenciais para a realização do projeto.
Tecelagem Guarany
Aldeia Kaagwy Porã (Nova Esperança)
A tecelagem Guarany é uma técnica ancestral que consiste em tecer fios em um tear manual, criando peças únicas e belas, carregadas de simbolismo e significado cultural. O projeto realizou oficinas de tecelagem com a proposta de preservação e fortalecimento da cultura e da tradição Guarany por meio da transmissão da técnica ancestral da tecelagem, além de ter foco na geração de renda para as comunidades indígenas por meio da comercialização de produtos artesanais, promoção do comércio justo e sustentável e valorização do trabalho artesanal e o meio ambiente.
Vestimenta Guarani
Aldeia Tekoa Porã (Boa Esperança)
O projeto teve o objetivo de colaborar com a cultura guarani por meio da valorização das tradições e do conhecimento ancestral dos povos indígenas. Para tal, foram realizadas oficinas de corte e costura e oficina para desfiar e pintar as roupas. Os participantes foram orientados sobre as técnicas de customização de roupas e tiveram a oportunidade de praticar as técnicas em peças. A vestimenta tradicional é uma forma de preservar e transmitir a cultura e as tradições da comunidade.
Xondaro e Xondaria: Medicina Natural Guarany
Aldeia Tekoá Porã (Boa Esperança)
A atividade criou uma horta comunitária, oficinas de preparação de remédio naturais e realizou rodas de conversa sobre o conhecimento das plantas medicinais e a cosmovisão Guarany.
Projeto JuventudES
Promover a mobilização e o fomento de ações idealizadas por jovens que moram nas periferias do Espírito Santo. Essa foi a proposta do Projeto JuventudES, uma ação desenvolvida pelo Governo do Estado do Espírito Santo, por meio da Secretaria de Direitos Humanos (SEDH) e do Programa Estado Presente em Defesa da Vida, e que teve a gestão do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).
Voltado para o público de 15 a 24 anos, o Projeto JuventudES destinou especial atenção às questões relacionadas à diversidade sexual, racial, étnica, de deficiências e em situação de rua, mapeando esses jovens, garantindo o acompanhamento e a efetiva fruição das ações propostas em rede.
O projeto foi desenvolvido nos municípios de Aracruz, Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Colatina, Guarapari, Linhares, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória, e resultou na participação de, aproximadamente, 7.200 jovens. As ações fomentaram e acompanharam o desenvolvimento de 120 projetos protagonizados por jovens e/ou coletivos juvenis selecionados nos territórios do projeto Estado Presente: Segurança Cidadã e, dessa forma, contribuíram para a redução dos índices de violência nos territórios prioritários do projeto.
Texto: Leonardo Vais – Galpão/IBCA