Consolidando seu papel social de levar o cinema e a música até comunidades diversas, democratizando o acesso à cultura, o Festival de Cinema Itinerante completou sua jornada e reuniu um público total de cerca de 1000 pessoas ao longo de uma semana. Nesse período, o evento levou sua sala de cinema a céu aberto e mais shows musicais para Vitória, na Universidade Federal do Espírito Santo; Serra, na praça principal de Manguinhos; e Cariacica, no bairro Flexal II.
Para cada uma das cidades, a curadoria especializada do festival selecionou filmes brasileiros autorais de diversos estados, que atravessaram temáticas tais como questões raciais, questões vividas pela comunidade LGBTQIA+, maternidade, infância e relações afetivas. A programação foi composta pelos seguintes filmes: o longa-metragem A Felicidade das Coisas, de Thaís Fujinaga. Já no segundo dia será exibida uma seleção de três curtas-metragens: a ficção O Fundo dos Nossos Corações, de Letícia Leão; o documentário Mãe Solo, de Camila de Moraes; e a ficção Neguinho, de Marçal Vianna. Após os filmes, o evento em cada uma das cidades também contou com um sorteio de bicicletas e brindes, premiando pessoas sorteadas que levaram os prêmios para casa logo após a sessão.
As sessões de cinema em cada município também foram seguidas dos shows musicais, que agitaram o público com diversos artistas e ritmos, desde o samba ao rap. O público de Vitória, na Universidade Federal do Espírito Santo, recebeu o show de Tunico da Vila, que abriu caminho para uma variedade de ritmos marcados no show Samba de Caboclo, celebrando as origens afro-brasileiras na música, com repertório que trouxe afro-sambas, homenagens ao povo de terreiro e ao congo capixaba. Em seguida, foi a vez do palco de Manguinhos aplaudir o show de BatuQdellas. A bateria, composta e protagonizada por mulheres, agitou o Festival com empoderamento feminino no samba e as melodias que relembraram o sucesso do grupo no Carnaval de Vitória.
Por último, o Festival encerrou a programação no bairro Flexal II, em Cariacica, com duas apresentações musicais: o grupo Samba Pras Moças e o artista MiQ, com o show Miqueísmo que reúne vários artistas. Preenchendo o palco com a força feminina no samba, o projeto Samba Pras Moças trouxe um repertório protagonizado por sambistas mulheres. Em seguida, o show Miqueísmo contou com diversas apresentações de rap, misturadas a ritmos do afrobeat e funk, apresentando as rimas e batidas diversos Mc’s capixabas, inclusive jovens da comunidade de Flexal II e o cantor Jefinho Faraó, um dos pioneiros no funk do Espírito Santo. O show contou ainda com apresentações de pirofagia, com a artista de circo Maluh Lube, e apresentação de capoeira, com o grupo de crianças do projeto Na Cadência da Ginga, ministrado pelo capoeirista e instrutor Lindomar de Souza Silva, em parceria com o Instituto Aprender Cultura.
O capoeirista comentou a importância do evento para a comunidade: “Tivemos a oportunidade de participar do Festival de Cinema Itinerante, onde pudemos levar um pouco do nosso trabalho para o Festival. Essa participação nesse evento foi de grande importância para toda a turma do projeto, pois muitos alunos da periferia nunca tiveram oportunidade de ir ao cinema. Tiveram uma sessão muito bacana, onde os temas relatados nos curtas-metragens falam muito da realidade de quem mora na periferia. E foi muito bom poder fazer parte desse evento e poder oportunizar as crianças do projeto de ter essa visibilidade, e a oportunidade de compartilhar desse momento de festa. A ação é muito importante dentro da periferia, que é um lugar que muitas vezes só tem notícias ruins, e essas ações são muito importantes pra afirmar que na periferia tem muita coisa boa”.
O artista Miquéias, idealizador do show Miqueísmo, destacou o potencial de transformação social proporcionada pelo Festival: “Experiência incrível, diferenciada, um impacto muito grande na vida de várias pessoas. Principalmente na minha primeiramente, mas toda a molecada que esteve presente vivenciou algo nunca visto antes, eles vão lembrar disso por muito tempo da vida deles. Tanto para mim quanto para a molecada e para a comunidade, isso é um marco, é algo impactante, diferente, a gente nunca viu isso. E para os artistas que foram convidados a entrar no palco comigo, todo mundo ficou muito feliz. A gente cumpriu a missão, a missão foi concluída com sucesso”.
O Festival de Cinema Itinerante é uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura em Arte (IBCA) e conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, através da Lei de Incentivo à Cultura.