As fake news fazem parte do cotidiano do mundo contemporâneo. A manipulação da informação prejudica o debate público em busca da verdade. Debater sobre o impacto das notícias falsas na sociedade foi o tema da palestra Fake News,Comunicação e Direitos Humanos, com a doutora em Ciências da Comunicação, Franciani Bernardes. O bate-papo aconteceu no dia 25 de maio dentro da programação do Cultura em Toda Parte – Módulo Norte.
Franciane deu início ao debate explicando o que é fake news ou ‘notícia falsa’, em bom português. “O termo fake news veio dos Estados Unidos e foi altamente propagado durante as eleições presidenciais. Foi um termo que se difundiu e ficou em evidência durante os últimos tempos. Ele foi bem utilizado para deslegitimar, tirar a credibilidade das informações do jornalismo e dos meios tradicionais de informação”.
Ela criou um paralelo entre notícia, que está associada a algo verdadeiro, e a impossibilidade de algo falso ser definido como informação. “O termo ‘notícia’ é algo verdadeiro. É algo inédito ou atual que vai comunicar uma informação de interesse público. Se a gente está tratando de algo verdadeiro não tem porque fake news ser notícia falsa. A grande contradição do termo é esta se é fake não pode ser news”, afirmou a doutora e complementou: “A gente entende fake news como ‘informação falsa’. Em muitos casos é um conteúdo sensacionalista disfarçado de notícias que imita o estilo jornalístico”.
Na sequência ela falou um pouco mais sobre o conceito de notícia e de como se dá o fazer jornalístico com relação a apuração “Existe todo um processo e um formato para se fazer jornalismo que tem a ver com credibilidade de informação e a verificação das fontes. Existe uma apuração para verificar o que essas fontes estão dizendo, quem são essas pessoas que vão dar as informações sobre uma notícia. Essas informações contam com o respaldo, dentro de toda essa estrutura profissional do trabalho jornalístico, com a estrutura de uma agência de informação, de uma empresa jornalística que vai dar o respaldo e a credibilidade que a informação que está sendo transmitida é uma informação de fato e não uma desinformação”.
Franciane também falou sobre o impacto das notícias falsas no cotidiano das pessoas. “Primeiro a gente vive em um contexto de crise que essas notícias falsificadas expressam um cenário político altamente polarizado. A desinformação, neste caso, é usada principalmente com o objetivo de manipular informações. Essa manipulação vai promover a falsa consciência. É um distanciamento do real. Quando nós estamos conectados com a realidade, com o contexto que a gente vive, temos consciência do que está acontecendo. E diante desta consciência eu vou tomar uma ação. Quando eu não tenho consciência, dificilmente eu vou promover uma ação. Se eu vivo em um momento que eu não tenho conhecimento da realidade, do contexto social em que eu vivo, essa realidade impacta diretamente na minha vida. Se eu não tenho uma ação sobre ela é como se eu estivesse em um contato de inércia”.
Ela também destacou o impacto da tecnologia no processo de inércia e desinformação. “A gente vive em um contexto de tecnologia. Ele nos dá uma série de possibilidades, mas ele também é muito limitante. Inclusive ele pode causar esse processo de alienação se a gente não usar essas informações de uma forma correta. A gente está sempre na balança com o que fazer com esse contexto tecnológico”.
Com realização do Instituto Brasil de Cultura e Arte, apoio do Sesi Cultura e da TV Educativa do Espírito Santo, o Cultura em Toda Parte – Módulo Norte conta com recursos da Lei Aldir Blanc, via Chamamento Público para Seleção de Organização da Sociedade Civil (OSC) para realizar Gestão e Operacionalização do Projeto “Cultura em Toda Parte” – Circulação e Difusão de Atividades Artísticas e Culturais no Estado do Espírito Santo, por intermédio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult ES), direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.