Palestra Políticas Públicas de Juventude jogou luz sobre a importância de pensar a inclusão na sociedade

By 3 de junho de 2021Notícias

 

 

Hingridy Fassarella Caliari

Palestra Políticas Públicas de Juventude, com Hingridy Fassarella Caliari

As políticas públicas específicas para a juventude. Esse foi o eixo da palestra Políticas Públicas de Juventude, com a doutoranda em Políticas Públicas e Formação Humana pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro e mestre em Política Social, Hingridy Fassarella Caliari, que aconteceu no dia 02 de junho, dentro das atividades de formação do projeto Cultura em Toda Parte – Módulo Norte

A palestra começou com uma explanação filosófica e sociológica sobre a juventude, desde a Idade Média até a Revolução Industrial.  Ela construiu uma narrativa, tendo como base estudos de filósofos como Jean-Jacques Rousseau e o sociólogo Pierre Bourdieu. “Bordieu sefala em um dos textos dele que ‘a juventude é apenas uma palavra’. Ele fala que os dados etários, a idade, ela é manipulada e manipulável. E a juventude, pra ele, ele conclui dizendo que é apenas uma palavra. E também, nesse sentido da idade, manipulada e manipulável”. 

Ela também pontuou sobre a faixa etária em que a juventude brasileira se encontra. “É importante, é fundamental na verdade, a gente ter uma ideia do que é esse ser jovem. Porque a gente vai começar a discutir juventude pensando só uma questão de faixa etária, de idade. Hoje no Brasil, pelo Estatuto da Juventude que foi aprovado em 2013, a gente tem uma delimitação etária. São jovens as pessoas que têm entre 15 e 29 anos. O que isso diz pra gente sobre ser jovem? Quase nada” explicou Hingridy, que mais a frente completou: “Se a gente começa a estudar mais a fundo, o ‘ser jovem’ carrega toda a diversidade que a humanidade carrega. Tendo transpassado a questão da geração e da humanidade”.

Finalizando a primeira parte ela falou sobre os estudos dos primeiros anos do século XX que estão ligados à lógica da correção. “A gente tem uma necessidade teórica de explicar esses movimentos, que eram contra a corrente, da sociedade nascente, a sociedade industrial e capitalista. E nesses movimentos, os jovens executavam movimentos de resistência e acabam sendo interpretados como ‘problemas’ e ‘indisciplinas’ que precisam ser corrigidas”.

Essa percepção sobre a juventude só muda com estudos realizados na transição entre os anos 1960 e 1970. “Quando a gente tem diversos estudos que se empenham em entender que não se tem uma cultura jovem, mas existem expressões culturais” explicou ela. “Porque até então, e por mais estranho que pareça, o jovem era estudado a parte do ser humano, como se ele fosse uma expressão à parte, um ser humano incompleto. Inclusive, ele é tratado até hoje como esse ser humano incompleto, que não tem capacidade de participar. O jovem está sempre na condição da espera, quando na verdade ele está no momento de maior produtividade, criatividade e sagacidade. Pronto para entender e questionar uma série de regras importantes, inclusive, de serem quebradas”. 

Hingridy falou sobre desigualdade e da importância da juventude ter acesso à diversidade cultural, para uma formação de uma juventude criativa e potente. “A importância da cultura, e da diversidade cultural, e de não carimbar quando a gente é jovem. Infelizmente, a gente vive em uma sociedade que é economicamente desigual. Então o acesso ao desenvolvimento humano cultural é também desigual. Quando a gente trabalha com jovem, ou quando a gente é jovem, a gente tem que ter a possibilidade de ver e conhecer tudo para escolher aquilo que gostamos.   

Para Hingridy, os jovens precisam ser incluídos como figuras importantes para a construção da sociedade. “A juventude carrega nela toda a diversidade que qualquer ser humano carrega. Então não tem como taxar que ser jovem hoje é isso ou aquilo. E o que eu quero chamar a atenção de vocês é que a construção social da juventude é muito mais importante do que a construção da biológica, ou agente descrever o que biológica ou psicologicamente diferencia um jovem de um adulto”.  

Na sequência, ela definiu, de forma sucinta, o que são políticas públicas. “A gente chama de políticas públicas aquilo que os governos federal, estadual e municipal desenvolvem para atender a população. São projetos e programas que têm uma vinculação legal e não são momentâneos”. 

Hingridy Fassarella CaliariDepois ela deu um breve histórico sobre o início da implementação de políticas públicas: “As políticas públicas de juventude começaram na década de 1990, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso. Mas o boom de expressão das políticas de juventude, que existe até hoje, aconteceu no primeiro governo Lula. Período também que vai ter uma explosão de estudos sobre juventude. Estudos culturais inclusive envolvendo o movimento hip hop, o movimento funk, as juventudes das comunidades e as juventudes trabalhadoras também”. 

Questionada sobre como estimular os jovens a se aproximarem cada vez mais das políticas públicas, Hingridy aproveitou para citar a participação de comunidades quilombolas nas atividades de formação do Cultura em Toda Parte – Módulo Norte para lançar uma provocação nos inscritos para a palestra. “Acho importante a gente aprender com as comunidades tradicionais a organização de um sentido humano de uma convivência que não está pautado no lucro e na individualidade, mas que está pautado no bem estar de uma comunidade. Como a gente pode construir esse bem estar da nossa comunidade. E isso envolve adolescentes, crianças, e idosos”. 

E complementou a importância de pensar políticas públicas inclusivas para todos. “Porque tudo que não é ‘produtivo’ no Brasil – e crianças, adolescentes e idosos não não -. é como se eles fossem descartáveis. Essa ideia de humano descartável, porque ele não é produtivo, a gente tem que desconstruir porque é essa a ideia que constrói as políticas públicas hoje. O sujeito produtivo merece política pública. Mas que produção é essa? Econômica? Porque a produção humana, a produção cultural e social se dá em qualquer idade”. 

Com realização do Instituto Brasil de Cultura e Arte, o Cultura em Toda Parte – Módulo Norte conta com recursos da Lei Aldir Blanc, via Chamamento Público para Seleção de Organização da Sociedade Civil (OSC) para realizar Gestão e Operacionalização do Projeto “Cultura em Toda Parte” – Circulação e Difusão de Atividades Artísticas e Culturais no Estado do Espírito Santo, por intermédio da Secretaria da Cultura (Secult), direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

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