“O cineclube depende do público. É o público que dirige a discussão, que dirige o debate”. Essa foi uma das frases do médico, professor aposentado da UFES, gestor público, cineclubista, realizador e produtor cultural, iluminador cênico, ator e diretor teatral Claudino de Jesus durante a palestra O Movimento Cineclubista Internacional e a Contribuição do Brasil, que aconteceu na tarde do dia 1º de junho, dentro da programação do Cultura em Toda Parte – Módulo Norte.
Claudino deu início ao bate-papo falando sobre a Cinemateca Brasileira e depois falou sobre sua definição de história. “História é uma coisa muito complexa, História pra mim não é um conto de fadas, nem um retrato fiel. História é a interpretação de cada um sobre o que leu e viveu e é muito mais legal quando viveu”.
Claudino começou falando sobre um dos primeiros cineclubes fundados no mundo e que marca a história cineclubista. “Considera-se o Cineclube do Povo, surgido em 1913, na França, um cineclube organizado por sindicalistas e anarquistas. Nasce ali, um projeto de cinema vinculado à comunidade. Vinculado aos temas de importância para sociedade” explicou ele.
Em 1940, foi fundado o Clube de Cinema de São Paulo, que logo foi fechado pelo Estado Novo. Já 1945, ano da Segunda Guerra Mundial, é uma data importante para o cinema no mundo. “É a criação do Festival de Cannes, pelos intelectuais do mundo, na busca da recuperação do mundo que sobrou. E lá dentro surge a Federação Internacional de Cineclubes. A FIC nasce dessa necessidade do mundo de se reinventar”.
No ano seguinte, em 1946, o Clube de Cinema de São Paulo retoma suas atividades, e se transforma em um dos espaços mais importantes para a memória do cinema produzido no Brasil. “É um marco importante para o cinema no Brasil porque ele se transforma na Fundação Cinemateca Brasileira”.
De 1948 até a primeira metade da década de 1950 acontece uma efervescência de cineclubes no Brasil. Em 1956 surge, em Sâo Paulo, a primeira organização cineclubista do país. “Mas vocês veem que eu estou contando a história descolado internacionalmente porque o Brasil não mantinha relações internacionais cineclubistas, embora no cinema tivesse bastante”.
Outro marco importante acontece nos anos de 1977 com a criação da Embrafilme. No mesmo ano, acontece a inserção do Brasil na Federação Internacional de Cineclubes. “Felipe Macedo vai à Assembleia Geral de Cineclubes, em Figueira da Foz, em Portugal, e é eleito secretário latino americano da FIC.Isso marca a nossa inserção e a nossa contribuição internacional”.
Em 1978, Claudino é eleito para a diretoria do CNC (Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros). Em 1979, acontece a primeira Jornada Nacional de Cineclubes no Espírito Santo, no município de Santa Teresa. “O Espírito Santo contava com cerca de seis a dez cineclubes organizados que deram suporte ao evento. A UFES também deu muito suporte”.
Em 1981 é criada a Federação de Cineclubes do Espírito Santo. Claudino pontua a importância do estado do Espírito Santo na história do cineclubismo. “O Movimento Cineclubista do Espírito Santo é importantíssimo para o movimento nacional, pós 1970. Movimento Nacional esse que é importantíssimo para o movimento internacional. Mas vocês notem, que o fio condutor desse trabalho vem sendo pelo ES. Desde a 13ª jornada, em Santa Teresa”.
A Federação de Cineclubes implementa com o Plano de Expansão e Consolidação do Cinema Cultural programa que implanta o cineclubismo no estado e transforma o Espírito Santo em um estado cineclubista.
Em 1990, o Cineclube Universitário se transforma no Cine Metrópolis, na Universidade Federal do Espírito Santo. Depois acontece um hiato nacional e apenas em 2003, quando o Ministério da Cultura promove um dos Movimentos Cineclubista e depois, o Festival de Brasília promove uma jornada nacional de cineclubes.
A partir daí começa a retoma do Brasil no Movimento Cineclubista Internacional. “O Brasil realizou de 2004 a 2010, nossa grande inserção no cenário internacional, seis conferências ibero-americanas, uma conferência mundial, e uma assembleia geral da FIC. Isso desenha a nossa responsabilidade, a nossa participação no Movimento Cineclubista Internacional”.
Com realização do Instituto Brasil de Cultura e Arte, apoio do Sesi Cultura e da TV Educativa do Espírito Santo, o Cultura em Toda Parte – Módulo Norte conta com recursos da Lei Aldir Blanc, via Chamamento Público para Seleção de Organização da Sociedade Civil (OSC) para realizar Gestão e Operacionalização do Projeto “Cultura em Toda Parte” – Circulação e Difusão de Atividades Artísticas e Culturais no Estado do Espírito Santo, por intermédio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult ES), direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.