Noite de encerramento da Mostra Comemorativa emociona a plateia com lançamento de curtas do Laboratório de Formação e sessões retrospectivas

Turmas do Laboratório de Formação em Cinema durante o lançamento dos curtas produzidos na oficina. Foto: Sérgio Cardoso/ Acervo Galpão IBCA

Uma noite de emoção e pertencimento. Assim foi a cerimônia de encerramento da Mostra Comemorativa 30 Anos do Festival de Cinema de Vitória, que aconteceu no domingo (18), no Teatro Glória, no Sesc Glória. A noite, que teve apresentação do artista e empreendedor MiQ Gonçalves e do ator Higor Campagnaro, marcou o lançamento dos três curtas-metragens produzidos no Laboratório de Formação em Cinema, além da exibição dos filmes que encerraram a Sessão Espírito Santo em Retrospectiva e a Sessão Retrospectiva de Longas-Metragens.

Com orientação do diretor e produtor Bernard Lessa, o Laboratório de Formação em Cinema aconteceu durante o mês de março, em três municípios do Espírito Santo: João Neiva,  Serra e Cariacica. Os filmes que foram produzidos são Entre Filhas (Serra); Na Esquina do Boteco, (João Neiva); e O Corre (Cariacica). Todos os filmes têm direção coletiva. Embora com temáticas diferentes, cada uma das produções joga luz sobre recortes do cotidiano dos participantes.

O produtor da formação, Paulo Gois Bastos, subiu ao palco do teatro para apresentar o projeto ao público. “Essas oficinas aconteceram durante uma semana em cada uma dessas localidades e foram cinco dias intensos, onde os participantes colocaram a mão na massa e elaboraram desde o roteiro até a realização desses curtas. O objetivo do laboratório é promover o acesso e levar essa formação, uma certa alfabetização da linguagem audiovisual, para que grupos coletivos e qualquer pessoa possa tirar suas ideias da cabeça e transformá-las em um filme”.

Na sequência, os integrantes do Coletivo AbaTyba, de João Neiva, subiram ao palco para falar sobre o filme Na Esquina do Boteco. Arlen Fabiano Reali, integrante do grupo, falou sobre a parceria. “Foi uma experiência incrível a oficina. A Galpão Produções nos conquistou tanto pela parte técnica quanto pela forma carinhosa e especial como nós fomos tratados durante a produção dessa oficina. Foi uma experiência muito gratificante. Esse é um coletivo de audiovisual com viés nos direitos humanos. Nós somos de uma cidade muito próxima daqui, João Neiva, nós temos uma história muito bonita com a Vale e isso nos proporcionou esse momento incrível que é esse curta de hoje”.

Logo após, os representantes do Projeto Shalom, de Serra, trouxeram as impressões da construção do filme Entre Filhas. “O curta fala sobre o encontro entre um pai e uma mãe, após o desentendimento das filhas deles na escola.Tivemos diversas pessoas participando com idades diferentes, com ideias diferentes. Foi algo muito bacana. Cada um trouxe sua ideia, durante o processo criativo, o Bernard auxiliou a gente, cada um trouxe um pouquinho da sua ideia pra esse curta. Então além da técnica, a gente usou a criatividade, aprendemos a manusear os equipamentos, e a ver como o espaço que a gente vive pode ser usado para criar diversos produtos, entre eles trabalhos audiovisuais. Não importa o lugar em que você está, a gente pode criar um bom produto com a ideia que a galera tem”, disse Renan Moreira Ribeiro, um dos participantes do laboratório.

Encerrando as apresentações, Guerreiro, representante do Aprender Cultura, de Cariacica, falou sobre a importância da oficina que resultou no curta-metragem O Corre. “Quando me informaram que a gente passaria por uma formação no Festival de Cinema, eu fiquei animado, muito animado mesmo, que seria em Flexal, dentro do Instituto, isso pra mim foi muito importante e imagino que para as pessoas que fazem parte do Instituto isso foi muito importante. E outras pessoas de vários bairros de Cariacica participaram. Fazer essa conexão entre bairros, trazer essas pessoas, se unir para fazer uma parada que a gente não tem tanto acesso, que é o audiovisual. Que foi uma parada muito linda de se ver, ver esse carinha atuando, ele mandou muito bem. Eu curti muito. Foi lindo, colocar o filme na rua, todo mundo olhando. Eu só tenho a agradecer a oportunidade e o resto vocês vão ver na tela”.

SESSÕES RETROSPECTIVAS

Na mesma sessão, o público também conferiu o curta-metragem Perto da Minha Casa, de Diego Locatelli e Carol Covre, que foi exibido dentro da Sessão Espírito Santo em Retrospectiva. O documentário apresenta o encontro entre realizadores universitários e jovens moradores do bairro Vale Encantado, na busca pelo diálogo e reflexão sobre seus fazeres e vivências cotidianas. A co-diretora do curta Carol Covre, estava acompanhada do co-diretor Diego Locatelli, a responsável pelo áudio do filme Ana Oggioni, e um dos jovens retratados, Wesley Smith.

A diretora falou sobre a experiência de exibir o filme uma década depois de seu lançamento no Festival. “Desde que a gente recebeu o convite de exibir o filme na mostra de 30 anos, passou um filme na minha cabeça e, acredito, que na cabeça de todos aqui. O filme está completando dez anos esse ano e a gente volta em 2013, ano em que a gente era a primeira turma de cinema da UFES, um curso que só foi possível pelo programa de reestruturação das universidades e se nós estamos aqui 10 anos depois é porque existe um curso na UFES, investimento na universidade pública, cotas, curso noturno para que a gente pudesse trabalhar. Tudo isso é muito importante na nossa trajetória. E o mais emocionante ainda é que o Perto da Minha Casa foi feito no meu bairro, o Vale Encantado, então não tinha sessão melhor para passar ele, porque hoje é o dia das ‘quebradas’. Hoje é dia de falar de um cinema fora do Centro, feito a partir de outros olhares”.

Carol destacou a importância de exibir filmes que apresentam um olhar diferente sobre a periferia, a partir do ponto de vista de quem mora nas regiões. “A gente sabe que a periferia costuma ser retratada por pessoas de fora que chegam nos nossos territórios e nos filmam com olhares externos. E o Perto da Minha Casa é totalmente essa ideia de nós por nós, de um encontro de uma turma da UFES com os moradores. Eu nasci no bairro e cada rua filmada nesse curta é um lugar que a gente vive, onde a gente tá ali todos os dias. Para a gente é muito simbólica essa exibição, comemorar dez anos, vivos e podendo fazer outros filmes. Espero que vocês gostem e parabéns ao pessoal que vai lançar o filme hoje. Estou muito feliz que nossos filmes serão exibidos juntos”.

Encerrando a programação, o longa-metragem A História da Eternidade, de Camilo Cavalcanti (2014, PE), foi exibido na da Sessão Retrospectiva de Longas-Metragens. Em um pequeno vilarejo no Sertão, três histórias de amor e desejo revolucionam a paisagem afetiva de seus moradores.

Mostra Comemorativa 30 Anos do Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, da Petrobras e da ArcelorMittal, através da Lei de Incentivo à CulturaMinistério da Cultura. Conta também com o apoio do Canal Brasil, da Universidade Federal do Espírito Santo, do Cine Metrópolis, da Rede Gazeta, da Carla Buaiz Jóias, do Sesc Glória e da Prefeitura Municipal de Vitória. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

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